CHAMADA PARA O DOSSIÊ - Vol. 02 N. 01 - Da pandemia de 2020: urgências e emergências da discussão sobre dominações, opressões e discriminações

13-01-2021

COORDENADO POR: Dejair Dionísio, Doutor em Letras pela Universidade Estadual de Londrina e Professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Pesquisador afiliado à ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as  Consultor externo no NEABI - Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas no Instituto  Federal do Mato Grosso do Sul no campus de Naviraí/MS  e Eumara Maciel dos Santos Doutora em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA)  Professora Colaboradora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/PARFOR)  Secretária Executiva da Universidade Federal do Oeste da Bahia do Centro Multidisciplinar do Campus de Barra (UFOB/CMB). Membro do Grupo de Pesquisa África: história e identidades (UFBA). 

PERÍODO PARA SUBMISSÃO DOS TEXTOS: 13 de janeiro de 2021 a 13 abril de 2021.

DATA DE PUBLICAÇÃO DO DOSSIÊ: 31 de maio de 2021.

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Autoria da imagem: Ana Elizabete Lopes Ribeiro, professora do curso de Agronomia - Câmpus Barra/UFOB

O ano de 2020 foi encontrado pela emergência de grandes questões sociais, econômicas e  políticas adiadas e das quais esperamos respostas que não nos alcançarão sem as devidas discussões que perpassem, por exemplo, pelas consequências do distanciamento físico-social nas relações de gênero, pela racialização do debate dos efeitos da pandemia e pela visibilização da vulnerabilidade socioeconômica nessa crise sanitária causada pelo novo  Coronavírus SARS-CoV-2 - COVID-19 e agravada pelo modelo de governança autoritário e  negacionista adotado em muitas partes do mundo.  

A pandemia é um grave problema de saúde pública e, a partir as medidas emergenciais  recomendadas para a proteção da própria vida, podemos observar um sem-fim de situações que devem ter a nossa atenção: na cena das quarentenas, estar em casa é mesmo o mais seguro para todas e todos: mulheres cis, trans, lésbicas, gays, bi, queer e mais? Como encara essa conjuntura quem depende de aglomerações ou do corpo a corpo para a manutenção do  trabalho, na maioria das vezes, informal. E quem tem o subemprego ameaçado pela crise  econômica ou está no limbo da chamada uberização para falar desse modo de exploração da  mão de obra? O que é o Auxílio Emergencial para quem está desempregado no Brasil? Quem são os que estão desempregados? As populações vítimas do preconceito e da discriminação  étnico-racial, qual a assistência efetiva do Estado para a contenção do avanço e para o  tratamento da COVID-19: comunidades quilombolas e indígenas, como estão sendo  impactadas? E nas periferias das cidades, quais as dinâmicas reais na pandemia para quem já  convive com o racismo estrutural e a violência institucional cotidiana com as vidas reprimidas à bala: jovens, negras, negros e pobres? E o que esperar depois de tentar acompanhar essa complexa teia que forma as relações humanas no tempo e no espaço? Como está sendo tecido um pós-pandemia? Para ensaiar qualquer resposta, precisamos refletir sobre esses processos na  perspectiva da antidiscriminação, suas várias interfaces, afinal, muitas formas de opressão, dominação e abandono estão em pauta ao mesmo tempo aqui e em outros tantos lugares.  

Sabendo de tudo isso, o momento que estamos atravessando exige, portanto, um esforço de  ressignificação e de reconstrução de epistemologias sobre fundamentos decoloniais, antirracistas, antissexistas, contra-hegemônicos e anticapitalistas, dando continuidade às lutas por igualdade de direitos, pelo direito à diversidade, pelo cumprimento de justiça social, de modo a garantir perspectivas futuras de um bem-estar social, de modo a garantir a própria vida.

Então, este dossiê será elaborado no sentido de fortalecer a proposta da Revista Sul-Sul de Ciências Humanas e Sociais, que é vinculada ao Grupo de Pesquisa Corpus Possíveis, ao  Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PPGCHS/UFOB) e ao Centro das Humanidades da Universidade Federal do Oeste da Bahia, ao oferecer um espaço de  debate teórico-metodológico criativo e coletivo de enfretamento multidisciplinar ao projeto  epistemicída que nos é apesentado, e ao qual precisamos reagir enquanto sociedade civil e em  possíveis diálogos com instituições.  

A expectativa, portanto, é de que o Dossiê veicule contributos consistentes e acessíveis  através dos diversos saberes e fazeres de pesquisadoras e de pesquisadoras de diferentes, porém interligadas, áreas de conhecimento e de diferentes regiões do Brasil, da América  Central e do Sudoeste africano, com argumentos e proposições frente aos processos anteriores, atuais e ulteriores das emergências desse cenário pandêmico de 2020 e da urgência  para garantir a existência das populações desse Sul político historicamente marginalizado.