Marcha das Margaridas

apontamentos para um (eco)feminismo latino-americano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53282/sulsul.v1i01.661

Palavras-chave:

ecofeminismos; feminismos; movimentos de mulheres rurais; Marcha das Margaridas

Resumo

Este artigo apresenta reflexões em torno da proposta de um feminismo latino-americano que parta da experiência de mulheres do Sul Global. O objetivo consiste em buscar nos documentos construídos pela Marcha das Margaridas, que apresentam as reivindicações desse movimento brasileiro de mulheres do campo, da floresta e das águas, alguns elementos para pensar um (eco)feminismo latino-americano. Para tanto, recorre-se ao arcabouço teórico dos ecofeminismos que oferecem alguns parâmetros para pensar a interseccionalidade para além de elementos que se referem à subalternização e dominação de grupos humanos, incluindo os problemas decorrentes das relações dualista-hierárquicas de exploração dos humanos com outras formas de vida. A literatura ecofeminista auxilia a perceber que a intersecção entre questões de gênero e ambientais são centrais no fazer e pensar feminista das mulheres que integram a Marcha das Margaridas. Tal movimento constrói caminhos alternativos para as políticas de colonização da vida, pautados no enfrentamento ao agronegócio e às monoculturas destinadas à produção de commodities, na preservação socioambiental por meio de práticas agroecológicas e de sustentação das formas de vida humanas e não humanas e na defesa da autonomia e da diversidade da vida das mulheres camponesas.

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Biografia do Autor

Tânia Aparecida Kuhnen, UFOB

Doutora, mestra e graduada em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora Adjunta na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), em Barreiras/Bahia/Brasil, onde integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PPGCHS). É membro dos grupos de pesquisa Corpus Possíveis: Educação, Cultura e Diferenças e Gestão, Inovação e Desenvolvimento, ambos vinculados à UFOB, além de colaborar com o Laboratório de Ética Ambiental e Animal (LEA-UFF) e o Grupo IPÊS (FURB). E-mail: tania.kuhnen@ufob.edu.br.

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CADERNO 3. Por autonomia econômica, trabalho e renda; por terra, água e agroecologia. Brasília: Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agricultoras Familiares (CONTAG), 2019. Disponível em: http://www.contag.org.br/imagens/ctg_file_365093296_26042019101337.pdf Acesso em: 05 mai. 2020.

CADERNO 4. Por uma vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo: pela autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e sua sexualidade. Brasília: Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agricultoras Familiares (CONTAG), 2019. Disponível em: http://www.contag.org.br/imagens/ctg_file_1295825600_26042019101423.pdf Acesso em: 05 mai. 2020.

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CADERNO 6. Por uma educação não sexista e antirracista e pelo direito à educação do campo. Brasília: Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agricultoras Familiares (CONTAG), 2019. Disponível em: http://www.contag.org.br/imagens/ctg_file_223382986_26042019101618.pdf Acesso em: 05 mai. 2020.

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Publicado

28-05-2020

Como Citar

KUHNEN, Tânia Aparecida. Marcha das Margaridas: apontamentos para um (eco)feminismo latino-americano. Sul-Sul - Revista de Ciências Humanas e Sociais, [S. l.], v. 1, n. 01, p. 124–147, 2020. DOI: 10.53282/sulsul.v1i01.661. Disponível em: https://revistas.ufob.edu.br/index.php/revistasul-sul/article/view/661. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Vol. 01 N. 01 - Sociedade crítica: pensamento e transformação do presente

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