Docência sapatão

desobediências cotidianas na educação infantil e anos iniciais

Autores

  • Anamaria Ladeira Pereira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ) https://orcid.org/0000-0003-1459-3508
  • Camila Santos Pereira Mestranda pelo Programa de pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). https://orcid.org/0000-0002-6149-0520
  • Fernando Pocahy Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ ProPEd e PPGPS, Coordenador do geni - estudos de gênero e sexualidade. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2, Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) e Procientista (UERJ-FAPERJ). https://orcid.org/0000-0002-7884-4647

DOI:

https://doi.org/10.53282/sulsul.v2i02.889

Palavras-chave:

professoras lésbicas, sapatonas, educação infantil, anos iniciais, lesbofobia

Resumo

Professoras inegavelmente lésbicas, professoras sapatonas, em salas de aula com crianças, driblam a obrigatoriedade de ser exemplos de heteronormatividade para a nova geração e protagonizam este trabalho. É preciso admitir que lecionar para crianças impõe cobranças diferentes das que recaem sobre docentes de outros níveis de ensino, apesar disso, tais especificidades costumam ser invisibilizadas como se não existissem. A exigência do padrão da “professorinha”, por exemplo, consiste em inúmeras pressões bem pouco sinalizadas em pesquisas, sobretudo se aliada à sexualidade, raça e geração. Ser professora de grupos de estudantes de zero a doze anos significa ter de lidar, cotidianamente, com imposições despropositadas a respeito do que seriam vestimentas, cortes de cabelo e comportamentos aceitáveis, dentro e fora do ambiente escolar. A situação se agrava quando se trata de professoras que estão longe de representar o modelo de “feminilidade” determinado para tal função e que, ao mesmo tempo, vivem relações afetivo-sexuais com outras mulheres. Este artigo baseia-se em pesquisa de mestrado em andamento, cujo referencial teórico e metodológico parte de contribuições de feministas lésbicas interseccionais e docentes-corpos-dissidentes em turmas de crianças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anamaria Ladeira Pereira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ)

Mestranda em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Atua no geni - estudos de gênero e sexualidade e no Núcleo de Pesquisa e Desconstrução de Gêneros (DEGENERA), ambos na UERJ. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Camila Santos Pereira, Mestranda pelo Programa de pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ).

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Bolsista Mestrado Nota 10 - FAPERJ. Especialista em Orientação Educacional (UNIASSELVI). Licenciada em Ciências Sociais (UFRGS). Integrante do geni - estudos de gênero e sexualidade e do GEETRANS - Grupo de Estudos em Educação e Transgressão.

Fernando Pocahy, Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ ProPEd e PPGPS, Coordenador do geni - estudos de gênero e sexualidade. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2, Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) e Procientista (UERJ-FAPERJ).

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ ProPEd e PPGPS, Coordenador do geni - estudos de gênero e sexualidade. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2, Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) e Procientista (UERJ-FAPERJ).

Referências

AUAD, Daniela, MARTINS, Luisa. Lésbicas e ensino superior: entre o silêncio e a fala. Revista Educação e Linguagens, Campo Mourão, v. 9, n. 17, jul./dez. 2020.

BOHM, Alessandra Maria; DORNELLES, Priscila Gomes. Repercussões docentes: a produtividade do “educando”. Dossiê Educando para a diversidade. Organização: Elisiane Pasini. Realização nuances: grupo pela livre expressão sexual. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

BUTLER, Judith. Atos performáticos e a formação dos gêneros: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. In: H. B. de HOLLANDA (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

CARVALHO, Tatiana. Professoras lésbicas na educação básica de São Paulo: rupturas e construção de visibilidades. (Tese de doutorado) - Universidade de São Paulo: São Paulo, 2018.

COLLINS, Patricia Hill. Epistemologia feminista negra. In: Pensamento feminista negro. São Paulo: Boitempo, 2019.

DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira; MATTOS, Amana. Interseccionalidade: zonas de problematização e questões metodológicas. In: Metodologia e relações internacionais: debates contemporâneos: vol. II / Isabel Rocha de Siqueira [et al.] (organizadores). – Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2019.

DINIZ, Debora. Etnografia e políticas da vida – introdução. In FASSIN, Didier. Didier Fassin: entrevistado por Debora Diniz. Rio de Janeiro: Eduerj, 2016, pp.7-30.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. RJ: Cobogó, 2019.

LEONARDI, Paula. “Puríssimo Coração": uma escola de elite e sua imagem. Pro-Posições, v. 15. n. 2 (44) - maio/ago. 2004.

LEONARDI, Paula. Igreja católica e educação feminina: uma outra perspectiva. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.34, p.180-198, jun.2009.

LEONARDI, Paula. Educação e catolicismo. Pensar a Educação em Revista, Curitiba/Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 3-23, out-dez/2016.

LIMA, Fátima. Raça, Interseccionalidade e Violência: corpos e processos de subjetivação em mulheres negras e lésbicas. Cadernos de Gênero e Diversidade. Vol 04, N. 02 Abr. - Jun., 2018. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/cadgendiv Acesso em: 20 mar. 2021.

LONGHINI, Geni Daniela. Sobre silêncios e alaridos do lugar de fala. In: ALVES, Bárbara; FERNANDES, Felipe (Orgs). Pensamento lésbico contemporâneo: decolonialidade, memória, família, educação, política e artes.1. ed. Florianópolis, SC, Tribo da Ilha, 2021.

LORDE, Audre. Idade, raça, classe e gênero: mulheres redefinindo a diferença. In: H. B. de HOLLANDA (Org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. RJ: Bazar do Tempo, 2019.

LOURO, Guacira Lopes. Mulheres na sala de aula. In Mary del Priore (org), História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2009.

LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado. In: O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

MARINHO, Cristiane. Lesbianidades: a face política de sua existência, exclusão e resistência ou as lesbianidades para além dos afetos. In: ALVES, Bárbara; FERNANDES, Felipe (Orgs). Pensamento lésbico contemporâneo: decolonialidade, memória, família, educação, política e artes.1. ed. Florianópolis, SC, Tribo da Ilha, 2021.

MIZAEL, Táhcita Medrado. Lesbofobia institucional: reflexões sobre saúde, educação e visibilidade. In: ALVES, Bárbara; FERNANDES, Felipe (Orgs). Pensamento lésbico contemporâneo: decolonialidade, memória, família, educação, política e artes.1. ed. Florianópolis, SC, Tribo da Ilha, 2021.

OLIVEIRA, Leandra Sobral; MATTOS, Amana. Diálogos sobre lesbianidades: uma breve incursão histórica e análise das produções recentes. Rebeh – Revista Brasileira de Estudos da Homocultura [S.I.], v.1, n.02, p.07-28, jun.2018.

OLIVEIRA, Leandra Sobral; MATTOS, Amana. Narrativas de lésbicas sobre o avanço dos discursos ultraconservadores no cenário atual. In: SOARES, Mayana; BRANDÃO, Simone; FARIA, Thais. (Orgs). Lesbianidades plurais: abordagens e epistemologias sapatonas. 1ed. Salvador, BA, Editora Devires, 2019.

PERES, Milena Cristina Carneiro, SOARES, Suane Felippe, DIAS, Maria Clara. Dossiê sobre lesbocídio no Brasil: de 2014 até 2017. Rio de Janeiro: Livros Ilimitados, 2018.

PRECIADO, Paul B. "Multidões queer: notas para uma política dos 'anormais'". Revista Estudos Feministas, v. 19, n. 1, p. 11-20, jan./abr. 2011.

RICH, Adrienne. Heterossexualidade compulsória e existência lésbica. Bagoas, n. 5, p. 17-44, 2010.

RUBIN, Gayle. Pensando sobre sexo: notas para uma teoria radical da política da sexualidade. cadernos pagu, Campinas, n. 21, pp. 1-88, 2003.

SAUNDERS, Tanya L. Epistemologia negra sapatão como vetor de uma práxis libertária. Periódicus, Salvador, n. 7, v. 1, maio-out. 2017.

SHARMA, Jaya. Reflexões sobre a linguagem dos direitos de uma perspectiva Queer. In: CORNWALL, Andrea; JOLLY, Susie (Orgs.). Questões de sexualidade: ensaios transculturais. Rio de Janeiro: Abia, 2008.

SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In. SILVA, T. T. (Org.) Identidade e diferença. A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

VIANNA, Claudia.; CARVALHO, Tatiana. Formação e prática docente: sobre a visibilidade das professoras lésbicas. Formação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores. Belo Horizonte. Vol. 12, no. 24 (p. 77-90) 31 ago. 2020.

Downloads

Publicado

01-10-2021

Como Citar

LADEIRA PEREIRA, Anamaria; SANTOS PEREIRA, Camila; POCAHY, Fernando. Docência sapatão: desobediências cotidianas na educação infantil e anos iniciais. Sul-Sul - Revista de Ciências Humanas e Sociais, [S. l.], v. 2, n. 02, p. 132–152, 2021. DOI: 10.53282/sulsul.v2i02.889. Disponível em: https://revistas.ufob.edu.br/index.php/revistasul-sul/article/view/889. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Vol. 02 N. 02 - Epistemologias e Ativismos Lésbicos no Sul Global

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.